Os Transtornos Depressivos caracterizam um grupo de patologias que compartilham sintomas comuns como tristeza, vazio ou humor irritável, acompanhado de sintomas somáticos e cognitivos que afetam significativamente o funcionamento do indivíduo. A Depressão Maior representa a condição clássica desse grupo e em geral é recorrente, associada a altos níveis de incapacitação funcional e prejuízo na qualidade de vida.
O episódio depressivo maior é caracterizado um período de pelo menos duas semanas durante as quais há predominância de humor depressivo ou perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades.
Crianças e adolescentes tendem a apresentar humor irritável com maior freqüência do que humor triste. O individuo deve experimentar pelo menos cinco sintomas, que inclui também os seguintes sintomas adicionais:
– mudança significativa no peso e/ou apetite
– alteração no sono
– modificação na atividade psicomotora
– cansaço ou fadiga
– sentimentos de desvalia ou culpa
– dificuldades para concentrar-se ou tomar decisões
– pensamentos recorrentes de morte ou ideação/plano suicida
O curso da depressão maior é bastante variável, porém a recorrência dos sintomas é freqüente, sendo que metade dos indivíduos que atingiram remissão de um primeiro episódio depressivo terá um ou mais episódios adicionais durante a vida. Após o terceiro episódio depressivo, a recorrência é ainda mais comum, ocorrendo em cerca de 90% dos indivíduos. Dentre os fatores que tornam um indivíduo mais suscetível encontram-se a baixa autoestima, adversidades na infância e fatores genéticos. Quando ativadas, cognições desajustadas desencadeiam então um padrão de processamento de informação negativamente tendencioso e Auto referente que, em última instância, culmina na depressão.
As intervenções que utilizam técnicas cognitivo-comportamentais são as mais frequentes e são responsáveis por uma redução de até 60% da sintomatologia em quadros depressivos. A maior parte dessas intervenções aborda fatores que estão associados com o desencadeamento da depressão, tais como cognições negativas, restrita atividade prazerosa, déficit de habilidade social e técnicas de soluções de problemas.
Dentre as formas de tratamento da depressão, a terapia cognitiva comportamental (TCC) é a forma de terapia mais embasada em evidências científicas, com 63 ensaios clínicos demonstrando sua eficácia. A indicação da psicoterapia e/ou farmacoterapia depende da gravidade do quadro e das preferências do paciente. Pacientes com depressão leve devem ser preferencialmente tratados com psicoterapia; já para aqueles com depressão moderada deve ser feito uma ponderação entre tratamento psicoterápico, farmacológico ou combinado. Pacientes com depressão grave é imperativo iniciar o tratamento farmacológico imediatamente, associado ou não à psicoterapia.